Inflação é a menor para um janeiro em 30 anos, mas ainda não está bom?
Daily - 2025.02.12
2/12/20252 min read


Inflação registra a menor taxa para um mês de janeiro em 30 anos, subindo apenas 0,16%, vindo de 0,52% em dezembro. Em 12 meses, o numero caiu de 4,8% em dezembro para 4,56% em janeiro. Aqui tivemos um gol de mão dos preços de energia elétrica, que caíram 14% em apenas um mês, com o bônus de Itaípú, contribuindo pra baixo no índice. Mesmo assim, o resultado não surpreendeu o mercado, indo em linha com o projetado.


Mas por que as projeções de inflação continuam tão ruins mesmo com a taxa Selic tão alta (e com cara de que continuará assim por algum tempo)? A chave está nas projeções de resultado primário do governo. Para os próximos 4 anos, o mercado não vê o governo fazendo nem 1 ano de superávit primário se quer. O problema não é nem só isso, mas a dívida pública que, em um ambiente de juro alto, fica cada vez mais cara.
Em 2025, é esperado que o governo gaste mais do que arrecade, contando os juros da dívida, algo na casa de R$ 1 trilhão. Esse dinheiro vai diretamente para o consumo de bens e serviços. Impulsiona o PIB, sem dúvidas, mas gera inflação de demanda.
Quando ao política fiscal continua expansionista, dada a tarefa do banco central de controlar o crescimento dos preços, precisa-se de uma política monetária mais punitiva. O juro é um remédio amargo da economia, que obriga a diversos setores, que mais dependem da renda das famílias, como varejo, ou crédito, como o imobiliário, a desacelerarem em prol de combater a inflação. Seria mais fácil e menos danoso para a maioria da população ver as duas políticas indo na mesma direção.
Quem acaba sofrendo é o mais pobre, porque 2/3 das famílias brasileiras são endividadas e 1/3 da renda do brasileiro é comprometida com pagamento de dívidas, principalmente a de cartão de crédito. Mais juros encarece a dívida, que, por sua vez, diminui o dinheiro no bolso das pessoas.
Enquanto isso, Itaú registra lucro recorde de R$ 41 bilhões em 1 ano. Até quando as pessoas vão entender que juro alto só engorda o bolso dos bancos? Porque é mais vendável políticamente anunciar medidas de transferência de renda ou gastos do governo para depois colocar o remédio, ao invés de matar o mal pela raiz.
Não é de hoje que o Brasil toma essas decisões, mas da última vez (2015-2016), o estrago foi feio.