Bombril pede Recuperação Judicial e o que podemos aprender com isso?

Rian Tavares

2/11/20252 min read

A Bombril, famosa por sua esponja de aço, entrou ontem com pedido de recuperação judicial

A Bombril, famosa por sua esponja de aço, entrou ontem com pedido de recuperação judicial. Fundada em 1948, a empresa possui dívida financeira de R$ 300 milhões e um passivo tributário de mais de R$ 2 bilhões. A empresa chegou a pedir RJ em 2003 por sua holding, com o processo finalizado em 2006. O grupo emprega quase 3 mil pessoas de forma direta e indireta.

Só em 2024, 2273 empresas pediram recuperação judicial, maior nivel desde 2005, quando foi instituida a Lei de Falências e Recuperações Judiciais (11.101/2005). RJ não é falência, claro, porque permite que a empresa pare de pagar juros e amortização da dívida, dando fôlego financeiro, além de poder negociar com os credores. O problema é que, lá na frente, pode ser que tenha portas fechadas do mercado para captar mais recursos.

Como diria o poeta, são dois os estágios quando se vai à falência: aos poucos e, então, de repente. A situação se deteriora de forma gradativa e, do nada, mostra-se insustentável. Geralmente o empresário demora pra aceitar que a situação está ruim. Culpa o concorrente, culpa o mercado, o governo, o clima. Mas no final de contas, o problema está 99% dos casos dentro do negócio.

Quando converso ou atendo empresas, tento entender justamente como está a saúde do negócio, muito além do que está ali no balanço ou na DRE. O problema pode ser estoque, cultura organizacional, falta de foco e, muitas vezes, colocar o produto na frente da venda. Afinal, de quê adianta produzir algo que vai ficar encalhado no estoque.

O juro vai aumentar (e muito). Devemos conviver com uma Selic a 15% até o final do ano, caindo para 10,5% apenas em 2 anos. Com a Selic aumentando, encarece o financiamento dos bancos, claro. Em 2016, quando a Selic foi para 14,25%, o juro médio para PF chegou a incríveis 42% ao ano e para PJ 22%. Imagina, como ter uma dívida de capital de giro que custa 22%. É melhor nem pegar dinheiro. Mas será que as empresas podem se dar ao luxo de fazer isso? Nem todas.

É assim que a crise começa. Quer evitá-la? Back to basics. Foque nos produtos com maior margem, corte custos, reduza estoque, revisite as estruturas hierárquicas. Se ficar culpando o externo, vai virar mais um na estatística.